Saturday 17 December 2016

Sem Palavras

Estou quase muda.
Não tenho palavras, não acabo as frases de tanto estupor e tristeza, engolindo em seco...
Restam-me imagens vivas, à desfilada no pensamento.
Amiguinho de sempre, contigo, nunca foi preciso crescer!
Garoto de alma gigante, riso largo, voz rouca, olhos pândegos, a piscar.
Companheiro de paródias, passeios, pedaladas, risotas, chacotas, ceias, mergulhos e gelados.
Conversas e desconversas a desoras, a pasmar, a ouvir a ronca e as gaivotas, a ver as ondas, as traineiras e estrelas a cintilar no mar.
Ainda ontem falámos de ti, e eu a pensar que já era tempo de cá voltares... com tanto tempo sem te ver, vale a certeza dum sempre que faz uma amizade.
E afinal, apeaste-te sem dar por isso e juntaste-te aos bons, como tu, nesse solarengo infinito, esse céu espraiado que ultrapassa os anos, séculos e milénios.
Nesta viagem só de ida em que embarcaste, levas um bocadinho de mim.
Fica uma melancolia incomensurável, ficam estes laços invisíveis mas indeléveis, daqui até ao paraíso!