Ante tão inefável egoísmo,
Acometem-me revolta e
indignação.
Porquê, não pergunto, pois não
há razão!
Num soluço atordoado, escondo
a cara nos punhos cerrados. Não!
Fica dor, amargura, ficam
jovens esperanças derramadas, vidas ceifadas pelo caminho.
Sobra o pranto infindo da
multidão que, entre as montanhas ermas, alvas e frias,
fita muda os céus, onde as
estrelas esmoreceram.
Também eu digo, agora, que não
sei onde o mundo vai parar!
Foi-se-lhe a alma...
É que costumava haver coração!
Era o pêndulo,
Ouvíamo-lo, regulava-nos o
rumo,
Vencia obstáculos, lutas e
montanhas.
Desfazia nós, segredava preces,
Era alento, amor e compaixão,
Baixo fundamental,
Dava a mão,
Fazia bem, sem olhar a quem
E brando, tomava sempre o
partido
De quem sofria!
26.3.2015 – após desastre
aéreo de German Wings