O pois português, é difícil de traduzir… É
uso traiçoeiro e apenas luso, que denuncia logo um português entre
brasileiros... É que pois, ouve-se mesmo
muito! Pode querer dizer muita coisa, é certo, mas no fim, não diz nada... O
pois é útil: é polido, não contradiz, antes pelo contrário! Quem pois, é ambíguo, não se compromete.
Afinal, o pois é só conversa...
Pior: o pois nem sequer é assentimento, é mero
bocejo. É enfadonho, vago, desatento, indiferente, falta de consideração. Mais
vale não dizer nada!
O pois é legítimo para dissimular rebeldia,
perante pais e chefias autoritárias que não admitem ser contraditos.
O pois é fruto de
insegurança. Quem diz pois, não quer
dar parte de fraco... convence-se de que já sabia as verdades, ou mentiras que
o outro acaba de lhe revelar, ou pregar, ou é-lhes indiferente... E até se
convence de que o outro não deu conta da sua ignorância, e que apesar de
português, desconhece este jogo tão popular.
O pois é sabichão.
Quem pois, não se espanta, carece de
curiosidade, nunca aprende, quer lá saber... O pois já sabe, é preguiça mental, letargia, não considera... Não adianta
nada, é um beco sem saída. O pois é pois, antídoto da filosofia.
O uso do pois
devia ser regulado, pois chega a ser abuso. O país
padece, pois, de apatia geral!