Saturday 28 November 2015

O Pois


O pois português, é difícil de traduzir… É uso traiçoeiro e apenas luso, que denuncia logo um português entre brasileiros... É que pois, ouve-se mesmo muito! Pode querer dizer muita coisa, é certo, mas no fim, não diz nada... O pois é útil: é polido, não contradiz, antes pelo contrário! Quem pois, é ambíguo, não se compromete. Afinal, o pois é só conversa...



Pior: o pois nem sequer é assentimento, é mero bocejo. É enfadonho, vago, desatento, indiferente, falta de consideração. Mais vale não dizer nada!



O pois é legítimo para dissimular rebeldia, perante pais e chefias autoritárias que não admitem ser contraditos.



O pois é fruto de insegurança. Quem diz pois, não quer dar parte de fraco... convence-se de que já sabia as verdades, ou mentiras que o outro acaba de lhe revelar, ou pregar, ou é-lhes indiferente... E até se convence de que o outro não deu conta da sua ignorância, e que apesar de português, desconhece este jogo tão popular.



O pois é sabichão. Quem pois, não se espanta, carece de curiosidade, nunca aprende, quer lá saber... O pois já sabe, é preguiça mental, letargia, não considera... Não adianta nada, é um beco sem saída. O pois é pois, antídoto da filosofia.



O uso do pois devia ser regulado, pois chega a ser abuso. O país padece, pois, de apatia geral!