Respeitinho...
Diz-se que é muito bonito...
Será?
...Bonitinho, talvez!
Respeitinho parece respeito.
Mas à lupa, essas são
Duas coisas muito diferentes.
Para já, respeitinho exige-se,
E assim, começa mal...
Respeito é outra louça.
É muito mais difícil,
Não é coisa que se exija,
Merece-se... ou não!
Tem de se ser digno dele,
Não é para qualquer um,
É distinção a conquistar!
E já agora,
Respeito não é um direito.
Fazer-se respeitar, é um dever
Que quem tem o poder,
Tem de cuidar!
Já o tal de respeitinho,
É o despeito de quem
Não alcança respeito!
Respeitinho é muito feio.
É o seguro com que se comprazem os fracos,
Déspotas, mestres
Pais (ou até mães), abusivos e tiranos!
Respeitinho é frouxo princípio,
É pouco edificante;
É pouca-vergonha,
Moral de segunda escolha,
Falta de educação,
Até rima com mesquinho!
Quem exige respeitinho,
Desrespeita e desrespeita-se vilmente;
Consegue o que quer, claro...
Mas colhe-o à força,
É medíocre, torpe,
Contenta-se com pouco!
Respeitinho vence-se
De má cara,
A troco de ameaças,
Fantasias e sanções,
Condições,
Humilhações, intimações!
Arrecada-se temor,
Muda discórdia
Paus-mandados,
Servil desdém,
Semeia-se cobardia e mal-estar!
Quem se compraz com respeitinho,
Está ciente de que é temido, não respeitado;
Sabe que não tem direito a mais
Mas o que importa é a aparência!
Respeitinho é baixo,
Pura cosmética.
Quando muito, é bonitinho,
Para inglês ver, talvez...
Mas bonito, propriamente dito,
De estético, nada tem!
Já com respeito,
Valores mais altos se levantam.
Esse, sim, é magnânimo.
Traz felicidade,
Tem estética, beleza intrínseca,
Faz boa figura!
Respeito é verdadeiro,
Autêntico,
Produz estima, apreço,
Deferência, mesmo amor!
É ética de nota,
Que se use
Com desenvoltura
De cabeça erguida,
Bonomia
Que veste a índole,
E fica bem a quem a porta!
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