Tuesday 16 July 2019

Verão Montês


Neste verde Verão montês, sopra um vento que, decerto, passou pelo mar!
Traz a frescura da espuma e  com ela, o doce aroma das espigas maduras que ele penteia nos campos aqui atrás, onde se escondem os tímidos veados!
Os caminhos cobertos de erva têm a maciez chã da areia; os aviões revolvendo o céu, sarapintado de alvas nuvens qual  a orla das ondas, recordam o rugir do mar.
Flores silvestres bailam em mil cores, como guarda-sois onde se resguardam abelhas felpuras; de longe, o silvo das máquinas agrícolas é qual a ronca envolta em névoas no quebra-mar, os motores dos tractores ronceiros têm o vagar e a constância das dragas na barra.
Nas vinhas  verdejantes, amadurecem as uvas; cerejeiras soberbas, framboesas e miúdos morangos silvestres, ruboram e perfumam a orla das frescas veredas na floresta. É uma pródiga abundância rural! Até já há amoras e os cães atiram com marmelos, maçãs, peras e nozes ainda verdes mas já caídos.
Nesta hora matutina, chego ao meu lugar altaneiro, onde me aguarda o banco amplo que range tosco, ao sentar-me.
É um secreto dia de praia, aqui em cima!
Penso, logo pasmo. Assim  me demoro, como um pescador ante o panorama, pescando  nos meus pensamentos que a brisa estival amacia.