Sem Nome
Dizem eles „nós“,
Já não nos incluem;
Somos agora
Outros quaisquer.
Passámos a estranhos,
Estrangeiros,
Forasteiros,
Nem vistos, nem achados,
Sem voto na matéria!
Ou a minha terra de outrora
mudou de casa,
Ou esta de terra…
Portanto,
Desnasço agora,
Descaso-me,
Desterro-me,
Da terra no mar
Que se foi ao ar.
Da casa de outrora,
Fecharam-me a porta na cara
E, de portadas cerradas,
Ela se aparta, qual jangada
À deriva
No tempo e espaço…
Fica pouso,
Paragem
Mas não morada;
É passagem
Evanescente
Que areias falsas, movediças
Furtam pela calada.
De tantas Marias na terra
Levaram-me até a graça!
Arranjaram outra
A quem servem minhas vestes,
Uma de melhor nota,
De falas mansas
Que se pôs a jeito,
Sem provocar
dores de parto
Ali pronta para troca!
Passem eles bem.
Eu cá dei à sola e
De âmago convulso
coração atado
E alma às costas,
Mudei de porto e apelido.
Entre nós, aqui,
Valhem-me os meus,
Suas mãos, corações,
Suas asas e velas,
Remando, rimando
Comigo,
Pois que me acolhem
De braços abertos
E sem condições,
Em seu seguro abrigo!
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