Saturday 7 July 2018

Modo Menor


Modo Menor

Em vez de cair no sono,
Mergulhei no escuro,
Num furacão sem fundo.

O pesadelo funde-se com o sonho,
E após a noite em branco,
Arrasto pelas horas fora,
A fadiga que invade o dia.

E assim me dissolvo no nada,
Outrora espaço,
Antes claro e agora,
Turvo torvelinho.

Ando à deriva no
Mar cinza e revolto,
Que invade e tinge o céu de breu.

Tenho o olhar surdo, sujo,
Os ouvidos cegos,
A mente dormente.
O ruído venceu a música,
A náusea, a alegria,
As trevas vazaram para o dia.

Quero mas não posso,
Penso mas não sou,
O que era, já não é,
Sabia e esqueci.
O ontem subtrai o amanhã,
Vomito o passado,
No presente, estou ausente,
Declino o futuro.

Queria apagar-me,
reduzir-me a ser, 
Apenas respirando, boiando,
De olhar suspenso no ar!
 Quiçá assim visse
Passar as núvens e
 Volver o sol no azul...

No comments:

Post a Comment